quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

:: me deixa


não quero você por perto
não quero o que acho que é certo
como o falso prazer em apertar sua mão

já suei demais por seu riso
quando na verdade pouco preciso
dele e de sua forçada e crível encenação

finja que me conhece pouco
faça-se de idiota e me faço de louco
porque esse teatro desgasta meu coração

quero seu silêncio de presente
esconda de vez seus fartos dentes
acho que alguém aí precisa de correção

viva intensamente o que gosta
invés de colecionar falsas amostras
pelo vil propósito de ser a grande atração

me deixe de banda
me deixe esquecido
me deixe banido
me larga, se manda

me deixe sozinho
me deixe de lado
me deixe falado
mas sai do caminho

me deixe quieto
me deixe anônimo
me deixe sinônimo
de seus desafetos

e, quiçá, em um dia confuso
se faça amistoso seu sorriso obtuso
e se arrependa por tudo que o fez ser vão

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

:: saudade que se passa


saudade que se passa
é pé-de-vento na terra
chuva fina lá na serra
que só destino abraça

saudade que se passa
é gosto de incompleto
não mais ter por certo
se não mais fracassa

saudade que se passa
é eterno fim de tarde
ânimo de ser covarde
dor que descompassa

saudade que se passa
é de espécie desvalida
é de amor à despedida
sem que lábios satisfaça

saudade que se mata
é ver sol pelas veredas
nostalgia que degreda
ao som de uma sonata

saudade que se mata
não passa ou escraviza
a que se mata, eterniza.
desejo que se arrebata

saudade que se passa
daquelas que não se mata
corrói aos poucos, maltrata
leva da vida sua graça