segunda-feira, 23 de janeiro de 2006

:: teu silêncio


o que se move em ti
enquanto verto lágrimas?
que força descomunal desprendes
ignorando meu penar,
impedindo-me que seja mais teu?
sou parte tua, da tua vereda.
assim me faço e me reconheço.
quero entender-te apaixonadamente
a ponto de perder minha rota
e desconhecer meu ponto exato de chegada.
por que motivos me angustias?
preterindo a verdade ao padecer?
a que sorte me lanças
quando me apanhas subitamente com teu calar?


tantas perguntas e pressentimentos...
e somente o silêncio...
silêncio...
silênci...
silênc...
silên...
silê...
sil...
si...
S...
...
...
...

ele é tua vaga e eterna resposta.
convencido de que meu coração
desacelerar-se-á em calmaria.
perderei o sono e meu sossego.
há rebuliço em meu peito
à espera de que meu querer
dissolva, em um só abraço,
tua íntima escolha
de não me deixar compreender-te.

sábado, 7 de janeiro de 2006

:: serenidade


sim, assim nascem meus escritos.
nascem dos verdadeiros diálogos, dos mais simples.
das conversas sinceras,
dos sentimentos puros,
Iitactos,
brutos.

pouco me importa se vou machucar...
mas é assim,
auto-imolação para reaparição.
não consigo conter em meus dentes cerrados
as palavras que agridem seus hábitos,
essa sua mania inevitável de sofrer.
ah, ignota forma de trocar pelo prazer efêmero
a sublime espera pela singeleza da serenidade,
mas opta pela insistente espera da dor.
tanto que ela chega.
chaga, rasgando a firmeza do ego
transformando-se em lágrimas e palavras incompletas
embalsamadas com o perfume do remorso.
e sabe que tem de esquecer e se reinicia o martírio.

enfeite-se com flores-da-paixão e toques de apreço
e se fantasie com sua sonhada pseudo-liberdade,
mas ciente de que só estará absolvida do passado
quando finalmente souber arrostar
a eterna espera pela singeleza da serenidade.

[07.01.2006]